“Quero uma mulher/ Que saiba lavar e cozinhar / E que me acorde cedo / Na hora de trabalhar / Só existe uma / E sem ela eu não vivo eu paz / Emilia, Emilia, Emilia...”
(Trecho do famoso samba de Roberto Silva, “Emilia”.)
Durante a guerra do Vietnã, cerca de 300.000 soldados Sul Coreanos que participaram da guerra voltaram para a Coreia do Sul casados com vietnamitas. Obviamente, ocorreram vários divórcios, mas a maioria dos casamentos vingou. Surgiu aí a moda, casar-se com uma estrangeira, e a preferência dos sul coreanos caiu sobre as vietnamitas, por que Emilias estão em falta na Coreia do Sul.
Outro fato também influenciou neste fenômeno. As moças sul coreanas que moravam e trabalhavam na zona rural migraram para as cidades grandes, em busca de trabalho e é claro, noivos bem empregados. Os rapazes ficaram na zona rural para cuidar e ajudar os pais, costume muito forte na tradição oriental. Com poucas possibilidades de namoro, já que as moças migraram para as cidades, foram então buscar noivas fora do país.
Pelo lado das moças vietnamitas, a esperança é de tentar a sorte, arranjar um noivo que preste num país rico e desenvolvido. Pelo jeito, os homens vietnamitas estão desvalorizados perante as suas mulheres. Também pesa para elas o desejo de saírem de casa para não dar mais despesas para os pais. Há casos em que os pais incentivam a filha vietnamita a casar-se com estrangeiro de país melhor.
Hoje existem agencias de casamento no Vietnã, e há chance da noiva encontrar-se com o noivo antes de aceitar (ou não) o casamento arranjado. Mas, em outras épocas era diferente, veja este anúncio antigo :
Tradução do anúncio :
“Compre uma esposa do Vietnã por apenas 6000 USD.
1. Virgindade garantida;
2-Garantia de entrega em 90 dias;
3-Sem taxas adicionais;
4-Se ela fugir dentro de um ano, voce terá outra grátis.”
É mole ? O anúncio trata as vietnamitas como simples mercadorias.
Feministas de plantão, tremei. Mas casamento arranjado é muito comum nos países subdesenvolvidos da Ásia. Para eles, é normal o homem escolher uma noiva, e pronto, simples assim.
A coisa é tão séria que o próprio governo sul coreano subsidia cursos intensivos, no Vietnã, para moças vietnamitas interessadas em casar-se com sul-coreanos. Nestes cursos são ensinados usos e costumes do povo sul coreano e algumas frases da língua. A mulher sul-coreana não é muito chegada a casamento, e costumam ter poucos filhos. Preocupado com o baixíssimo índice de natalidade do país, o governo sul coreano incentiva a pratica de casamentos com noivas de fora.
Candidatas à noiva em curso intensivo em Ho Chi Minh; em curso provido pelo governo da Coreia do Sul (fonte : Washington Post)
As agencias de casamento vietnamitas cobram (do noivo) cerca de USD 6.000,00 para cada casamento realizado.
Moças vietnamitas, já casadas, tomam aulas em Seul, Coreia do Sul.
Moça vietnamita mostra foto com o noivo coreano.
Noivas para Singapura.
Business is business, o interesse não é só das moças vietnamitas, o outro lado também tem interesse. Para explorar esta demanda, surgiram agencias casamenteiras do outro lado, o dos noivos. E não só os sul coreanos que tem interesse nas vietnamitas. Vi um site de Singapura (www.jnvietbride.com.sg) que oferece noivas vietnamitas para rapazes encalhados.
A agencia parece bem organizada e séria (como tudo em Singapura). Oferece pacote completo: passagens, traslados, hospedagem, alimentação, encontro com as candidatas, tradutor. E mais ainda : exames médicos atestando a saúde da candidata, assistência para a moça escolhida tirar visto de entrada em Singapura, cursos de língua, etc.
A agencia oferece dois tipos de pacote, um custando SGD 5,688 (USD 4.266) e outro SDG 7.688 (USD 5.766) (SDG-Dólares de Singapura).
O site anuncia uma promoção : indique um interessado (em casar-se com vietnamita) e ganhe uma comissão !
O site promete “wide variety of village Vietnamese girls which are gentle, affectionate, beautiful, lovely, caring and commitment-minded varies from 18 years old onwards which they will meet in person…”. Tradução : “…varias opções de garotas vietnamitas interioranas, amáveis, carinhosas, bonitas, apaixonantes, prendadas e comprometidas (no sentido de levar o caso a sério), a partir de 18 anos, que você vai conhecer pessoalmente...”.
Existem até videos institucionais de agencias de casamento, como este :
Agencia de casamento em Singapura
Agencias de casamento entre pessoas tão diferentes, de países tão antagônicos, não é novidade : há centenas de sites americanos oferecendo noivas russas.
Na década de 80, o sonho de toda mulata carioca era fisgar um alemãozão rico perdido nas praias.
Os brasileiros, acostumados ao casamento romântico, com flerte, namoro, paixão e tudo mais, condenam esses esquemas e as feministas de plantão chamam tudo isso de “trafego internacional de mulheres”.
Só não casa quem não quer.
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