Nosso guia em Hoi An, um cubano na casa dos 40 anos, contou-me a historia de seu casamento. Ele ficou muito emocionado, quase foi às lágrimas.
Disse que era adolescente ainda e foi enviado pelo governo de Cuba para estudar língua alemã, na antiga Alemanha Oriental, que era comunista, assim como Cuba. Era uma espécie de intercâmbio entre camaradas. Ali conheceu uma jovem vietnamita que estava ali nas mesmas condições dele : era intercambista enviada pelo governo do Vietnã do Norte, também comunista. Apaixonaram-se, e iniciaram o namoro.
Terminado o intercambio, separaram-se. A namorada voltou ao Vietnã e ele desconsolado voltou para Cuba. Viveram separados durante 15 anos, trocando cartas de amor, pois não existia internet ainda. Ele não tinha permissão para deixa Cuba, mesmo se tivesse, não tinha dinheiro para passagens. Na época, uma passagens de Cuba até ao Vietnã custava 2.000 dólares (“em promoção”) e ele ganhava 5 dólares por mês.
Nas cartas tinha que tomar cuidado em não escrever que desejava fugir da ilha para casar-se com ela, pois tinha medo do regime, que costumava ler as cartas antes de liberar aos correios.
De tanto insistir e requerer, acabou ganhando do governo cubano (leia-se de Fidel Castro), um intercambio no Vietnã comunista. Claro, a intenção primordial não era o intercambio, e sim a namorada.
Finalmente, depois de 15 anos de separação e muitas lágrimas, o casal se encontrou no Vietnã. O amor venceu o tempo e a distancia. Casaram-se e ele requereu do governo cubano permissão para viver no Vietnã. Sabendo que se a permissão fosse negada o camarada não ia voltar mesmo, foi atendido o pedido.
Mas disse que sente muitas saudades de Cuba. Perguntei a ele se sabia da situação atual da ilha, das dificuldades. Ele disse que sabia sim, mas ainda assim gostaria de voltar a Cuba, com a esposa. Coisas da vida.
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